Design Biofílico
- Elis Stropa
- 11 de jul. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 15 de nov. de 2018
Quando falamos hoje em arquitetura e design sustentáveis, diversos temas mais específicos podem ser discutidos. Dentre eles, um que chama muita atenção e até causa curiosidade é a Biofilia. O termo se origina dos radicais bio (vida) e filia (amor, afinidade, atração, desejo, simpatia etc), ou seja: exprime a ideia de afinidade com elementos que têm vida. Muito antes de ser empregado na arquitetura, o termo foi utilizado primeiramente pelo psicanalista alemão Erich Fromm para descrever um estado mental de atração pela vitalidade. Assim, o termo se opõe à atração pela morte e é indicador de saúde mental daqueles que se enquadram nele.
Diversas experiências mostram os benefícios do convívio com a natureza, seja ele cultivar um canteiro de temperos, fazer caminhadas em meio à natureza ou até mesmo fazer alguma dessas novas terapias que envolvem filhotes de cachorro. É inegável a existência de um laço emocional entre os seres humanos e os elementos da natureza, entretanto, esse laço pode ser mais forte ou mais fraco e fazer mais ou menos bem dependendo da experiência de cada um. Como temos tendência de criar laços mais fortes com aquilo que está presente em nosso cotidiano e nos é familiar, é natural que alguém que cresceu em um grande centro urbano com vegetação escassa não sinta falta de plantas em casa. Essa pessoa não despertou 100% a biofilia.
Devido ao avanço das tecnologias e à expansão das cidades, o ser humano tem a impressão de que depende cada vez menos da natureza. Por mais que as pessoas saibam que isso não é verdade, elas não parecem se importar o suficiente com a natureza para protegê-la. Há uma consciência dormente sobre o assunto, gerada por uma lembrança da escola, mas que nunca foi posta em prática. Em suma, não há como alguém se importar com algo com o qual não se identifica. No fim, essa é a mesma questão da depredação e desuso dos espaços públicos e monumentos históricos: a população não se conecta com o espaço e por isso não o preserva e às vezes até o destrói.
Mas afinal, o que é arquitetura biofílica e quais os benefícios que ela pode trazer? A biofilia pode ser inserida em qualquer projeto desde o mais simples design de produto até cidades inteiras. Uma cidade, ou edifício biofílicos são aqueles que incorporam a vida a seu design, que pensam os fluxos, paisagens e estruturas em conjunto com a vida que vai habitar aquele espaço. O propósito do projeto é proporcionar um dia a dia em que as pessoas tenham contato constante e direto com a natureza, chegando por vezes a integrar um ecossistema. Uma arquitetura biofílica vai despertar a biofilia em seus ocupantes, e assim contribuir para a preservação dos ecossistemas que até hoje só foram diminuídos pelo homem.

Além desse papel de preservação da natureza, a arquitetura biofílica também pode trazer benefícios à saúde física e mental. O biólogo E. O. Wilson já acreditava que há uma necessidade biológica de os seres humanos se conectarem com a natureza, e de que isso nos faz bem. Essa conexão aumentaria nossa produtividade, sociabilidade e bem estar de modo geral. Aliás, abesar de bio ser referente a vida, o termo biofilia acaba se relacionando com elementos naturais que não necessariamente possuem vida, por exemplo água, o ar puro e a luz natural. Esses elementos também são benéficos à saúde, tanto por razões fisiológicas quanto psicológicas. A iluminação natural, por exemplo, além de ser importante para a síntese da vitamina D, também pode facilitar o estudo e o aprendizado em ambientes escolares. Assim, também faz parte do design biofílico tirar partido desses elementos, que costumam ser associados ao aconchego e bem estar.
Felizmente, vemos que esse conceito está ganhando cada vez mais força entre designers, arquitetos e urbanistas. Há diversas maneiras de despertar a biofilia nas pessoas, desde a introdução de plantas e elemendos feitos de materiais naturais nos ambientes, até construções inteiras feitas com árvores vivas, como o sistema Baubotanik. Mesmo que o termo em si não apareça sempre nos discursos desses projetos, vemos um resgate e valorização dos elementos naturais cada vez maior. Nossas cidades já caminham, mesmo que muito lentamente, no sentido de fazer as pazes com a natureza e, quem sabe um dia, voltar a coexistir com ela.


Se interessou e quer mais detalhes? Veja as fontes abaixo:
Projeto vencedor do "Millennial Vertical Forest Competition":
Baubotanik:
Biofilia em geral e em arquitetura:
コメント