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Alejandro Aravena

  • Foto do escritor: Elis Stropa
    Elis Stropa
  • 30 de jul. de 2018
  • 4 min de leitura

Existe um arquiteto em especial cujos projetos me inspiraram muito nos últimos anos de faculdade. Ele é chileno e seu nome é Alejandro Aravena. Seus trabalhos junto ao escritório ELEMENTAL ficaram bastante conhecidos após a premiação do arquiteto com o Pritzker em 2016. No comunicado do júri sobre a escolha, o último parágrafo faz uma síntese sobre a atuação do arquiteto e como ela justificou a escolha de seus trabalhos para receber o prêmio daquele ano:


Alejandro Aravena. Fonte: https://www.pritzkerprize.com/laureates/2016



"Alejandro Aravena protagoniza o renascimento dos arquitetos socialmente engajados por meio do seu comprometimento de longo prazo com a crise global de habitação e na luta por um ambiente urbano melhor para todos. Ele tem um entendimento profundo tanto sobre arquitetura quanto sobre a sociedade civil, como se mostra em sua escrita, em seu ativismo e em seus projetos. O papel do arquiteto está sendo desafiado a servir necessidades sociais e humanas maiores, e Alejandro Aravena tem claramente, generosamente e completamente respondido a tal desafio. Pela inspiração que ele passa por meio de seu exemplo e suas contribuições passadas e futuras à arquitetura e à humanidade, Alejandro Aravena é quem recebe o Prêmio Pritzker de Arquitetura de 2016"

Tradução livre da autora 




Resumindo a carreira de Aravena, após se formar em 1992 na Universidad Católica de Chile, o arquiteto abre seu próprio escritório em 1994, onde trabalha por um tempo. Ele funda o ELEMENTAL em 2001, cuja abordagem focada em projetos sociais e projetos de impacto urbano chamaram atenção internacional. O ELEMENTAL projetou muito no Chile, incluindo habitação social, projetos urbanos e edifícios para a Universidad Católica de Chile, mas também projetou dos Estados Unidos, México, Suíça e até mesmo China. Entre prêmios, títulos e livros, Aravena também foi professor em cursos de arquitetura (como o de Harvard) e palestrante, inclusive na edição do TED talk de 2014 no Rio de Janeiro. Para quem quiser saber mais detalhadamente sobre a vida e obras de Aravena, confiram o artigo sobre ele no Archidaily (https://www.archdaily.com/789618/spotlight-alejandro-aravena) e a biografia disponibilizada no site do Pritzker (https://www.pritzkerprize.com/laureates/2016).

Tenho meus projetos preferidos do ELEMENTAL, são eles a Quinta Monroy Housing e a Villa Verde Housing. Talvez  os considere "preferidos" por serem os que eu mais estudei e conheço melhor, mas também porque, na minha opinião, eles são a expressão máxima do trabalho de Aravena e seus associados. As estratégias e a arquitetura utilizadas para fazer esses dois conjuntos são muito bem pensadas e chamam atenção por sua simplicidade: construir apenas meia casa e deixar que o morador a complete de acordo com suas necessidades. A proposta é que a família possa adquirir a residência básica com o custo mais baixo possível e ir aos poucos ampliando-a dentro do espaço disponível. O mais impressionante é que, ao comparar as imagens de quando os conjuntos foram inaugurados a imagens mais recentes, percebe-se como "construir meia casa" foi muito mais do que uma maneira de baratear a obra. Ao incorporar a auto construção de seus moradores, cada residência ganha traços próprios e se torna única.


Villa Verde Hpusing. Fonte: https://www.archdaily.com/447381/villa-verde-housing-elemental


Quinta Monroy Housing. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental

O ELEMENTAL ainda disponibilizou em 2016 as plantas em arquivos .dwg de 4 projetos de habitação de baixo custo incluindo os dois citados (tanto da meia casa quanto da previsão de ampliação) gratuitamente em seu site. Essa posição do escritório foi tão incomum que o Archidaily chegou a publicar uma nota de divulgação na época (https://www.archdaily.com.br/br/785050/elemental-disponibiliza-dtesenhos-de-4-projetos-habitacionais-para-uso-open-source). Hoje (07/2018) o site do ELEMENTAL parece estar em manutenção, pois apresenta apenas a página de contato sem possibilitar qualquer tipo de navegação. De qualquer modo a iniciativa demostrou a maturidade e responsabilidade social de Aravena e seus sócios. É uma postura de quem sabe que um bom projeto de habitação social deve ser compartilhado para ser reaproveitado caso seja pertinente sem a necessidade da "aprovação do autor", da mesma forma que a autoconstrução de cada unidade será feita sem sua intervenção. A ideia de muitos arquitetos de que são donos de seus projetos ainda é forte. Quantas vezes ouvidos lamentações sobre reformas? "O que fizeram com a obra de fulano?!" ou "estragaram minha casa, colocaram um muro na frente!", essa visão de propriedade sobre a obra construída precisa ser deixada de lado. Aravena entende que os edifícios e o espaço urbano são feitos para pessoas, e não apenas para serem ocupados, mas para serem usados e modificados por elas.


Um exemplo da compreensão do arquiteto de que quem faz o espaço são as pessoas é o Parque Bicentenário Infantil. Há uma variedade de brinquedos muito simples e em determinado ponto, a inclinação do terreno foi usada para fazer uma sequência de escorregadores que à primeira vista pode parecer repetitiva, mas que se mostra um prato cheio à criatividade e energia das crianças. Os edifícios para a Universidade Católica do Chile e o projeto urbano para reconstrução de Constitución (após ser atingida por um tsunami em 2010) podem ser mais sutis, mas também carregam essa abordagem. Há motivos de sobra para justificarem o vencedor do Pritzker 2016. Com ele, vemos abrirem-se mais as portas para a arquitetura participativa. As novas gerações de arquitetos já podem ver com ele diferentes meios de se desenhar o espaço e fazer cidades menos opressoras, onde os habitantes possam sentir-se abrigados, pertencentes e responsáveis por ela.


Parque Bicentenário Infantil. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-166614/parque-bicentenario-infantil-slash-elemental

Fontes:


Projetos:

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