top of page

Casas de Plástico

  • Foto do escritor: Elis Stropa
    Elis Stropa
  • 18 de jul. de 2018
  • 3 min de leitura

A indústria da construção civil é hoje uma das mais maiores responsáveis pela poluição e agravamento do efeito estufa no planeta. Praticamente todas as etapas geram resíduos e a maioria dos materiais utilizados emitem toneladas de CO2 por ano ao serem produzidos. É pensando nisso que cada vez mais surgem iniciativas que visam tornar a construção civil uma prática mais sustentável, afinal, apesar de impactar negativamente o meio ambiente, o ser humano não sabe viver sem ela desde que começou a empilhar pedra sobre pedra. Para uma produção mais limpa dos materiais construtivos, a alternativa encontrada pela empresa italiana Presanella Building System, pela startup americana ByFusion e pela empresa colombiana Conceptos Plásticos foi a reciclagem, mais precisamente, a reciclagem do plástico.


São produzidos por ano cerca de 300 milhões de toneladas de plástico no mundo. Ele é hoje o resíduo sintético mais prejudicial à natureza. Utilizado massivamente nos objetos do nosso dia a dia, dos 7 tipos de plástico criados pelo homem, apenas 3 podem ser facilmente reciclados. Desse modo, a maior parte dos resíduos são destinados a lixões, aterros sanitários, e incineradoras, isso quando não são queimados a céu aberto ou descartados em rios e mares. Desse modo, não é exagero dizer: quanto mais conseguirmos reciclá-lo e reaproveitá-lo, melhor. Cada uma das três iniciativas mostradas a seguir tem características próprias. Explicaremos sucintamente o funcionamento de cada sistema e suas particularidades. Disponibilizo em cada bloco o link para o site de cada fabricante, onde há informações mais detalhadas para aqueles que quiserem saber mais:


As maiores vantagens do sistema criado pela Presanella Building System (site: http://www.presanella.eu) são a rapidez de montagem, sua leveza e volume pequeno quando desmontado. Assim, é fácil de transportar grandes quantidades de blocos mesmo à pé e ter a casa pronta em pouco tempo. Os tijolos consistem em folhas que se dobram para formar as peças e se encaixam umas às outras formando uma forma que posteriormente será preenchida com concreto. Os vãos abertos entre elas permitem a fácil locação e relocação das instalações elétricas e hidráulicas antes da concretagem. Além dos tijolos, empresa também produz peças específicas para a fundação e para o telhado.



Os tijolos da ByFusion (site: http://www.byfusion.com/) por sua vez são maciços e funcionam em um sistema de encaixe similar ao do lego, necessitando apenas de algumas barras de aço para fazer uma amarração entre os blocos na vertical e deixar a estrutura mais estável. A grande proposta da fabricante é o fácil transporte da máquina que prensa o plástico para produzir os blocos. Montada e funcionando, ela cabe em um caminhão ou container, e pode assim ser levada até o local da construção ou até o local onde há acúmulo de resíduos plásticos. Essa facilidade permite que a produção do material seja feita in loco, podendo chegar com facilidade aos locai que mais necessitam de sua atuação. Esse sistema ganha pontos por não necessitar de concreto, que é hoje o material da construção civil com maior emissão de CO² por ano em sua produção. Uma dificuldade, no entanto, são as instalações, já que os tijolos não permitem sua passagem e são muito resistentes para serem recortados. A princípio, seria necessário trabalhar com instalações aparentes.



A proposta da Conceptos Plásticos(site: http://conceptosplasticos.com/) é similar à anterior, entretanto, a produção dos blocos em si ocorre por meio da fusão e extrusão do plástico em uma fábrica. O produto final fica com cor uniforme e com o formato da forma escolhida. O bloco produzido hoje pesa três quilos e tem as mesmas dimensões de um tijolo de argila, sendo bom isolante térmico e acústico, além de conter aditivos que retardam a combustão. Além dos tijolos, também são fabricadas colunas para estruturar melhor as paredes, cuja montagem é feita com encaixes por pressão, resultando em barreiras firmes. O acabamento liso e de cor neutra com que o bloco fica ao final também é uma vantagem, já que não precisa de nenhum revestimento para esconder ou regularizar a superfície. Mesmo assim, os blocos aceitam todos os acabamentos tradicionais. Nesse caso, as instalações podem ser aparentes ou serem introduzidas conforme a parede é erguida por meio de blocos específicos furados.



O Brasil é um país que dificilmente aceita maneiras alternativas de se construir. Estamos muito acostumados ao tradicional tijolo-concreto da nossa alvenaria. Apesar do meu amor à estética do tijolinho, o qual cheguei a defender aqui, sei muito bem que sua produção não nada sustentável, principalmente por conta da queima. Deixando o afetivo de lado e pensando sustentavelmente, talvez o melhor mesmo seja utilizar esse material apenas quando provém de demolições ou quando já faz parte da estrutura de sua casa. O que quero dizer aqui é que precisamos dar chances para que essas novas formas de construir (principalmente quando mais sustentáveis) se tornem viáveis e mais que isso: populares. Por enquanto, apenas o sistema da Presanella Building System é comercializado por aqui, vamos torcer para que esteja abrindo as portas aos demais.


Fontes:

Comments


© 2023 por MICHELLE MEIER ARQUITETURA. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page